sábado, 13 de outubro de 2012

CANTO DE CHUVA




Canto de chuva
(Carlos Pedala)

À noite, a chuva molha em segredo
Os logradouros e muda em silêncio o som,
Ou melhor, o barulho dos pneus dos carros.
Feito o poema de rimas toantes.

E a luz do dia, ela (a chuva) se esparrama.
Inundando os lados, as pessoas, as ciclovias.
Tal qual o lençol de seda a cobrir a cama,
Tal qual o desejo a possuir o corpo.

No Parque do Flamengo, vê-se a ausência
Dos frequentadores, nenhuma bicicleta
Passeando nas pistas, nenhum cachorro sem dono.

Mas um pássaro recita num canto seus versos:
Alegria, encanto ou lamento.
Não importa, qualquer canto é indiferente
Quando ninguém escuta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário