segunda-feira, 8 de abril de 2013

CIMENTO ARMADO


Cimento armado
(Carlos Pedala)

Tendo em vista os afazeres,
decidiu suspender as atividades poéticas.
Aprisionou os sonhos no concreto.

Reduziu a imaginação,
imergiu diretamente na realidade:
sem complacência, sem dó, nem piedade.

Viveu só o que viveu.
Afugentou tudo que não fosse de fato.
Jamais deu um passo maior do que as pernas.

Pra não dizer que a vida era assim tão seca,
se permitiu gostar de telenovela e futebol,
mas tudo dentro da devida proporção.

No dia em que morreu,
Foi enterrado no cemitério São João Batista
(em Botafogo),
em meio aos túmulos de cimento armado.

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