Cimento
armado
(Carlos
Pedala)
Tendo
em vista os afazeres,
decidiu
suspender as atividades poéticas.
Aprisionou
os sonhos no concreto.
Reduziu
a imaginação,
imergiu
diretamente na realidade:
sem
complacência, sem dó, nem piedade.
Viveu
só o que viveu.
Afugentou
tudo que não fosse de fato.
Jamais
deu um passo maior do que as pernas.
Pra
não dizer que a vida era assim tão seca,
se
permitiu gostar de telenovela e futebol,
mas
tudo dentro da devida proporção.
No
dia em que morreu,
Foi
enterrado no cemitério São João Batista
(em
Botafogo),
em
meio aos túmulos de cimento armado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário