PÉS DE LAMA

Pés de lama

(Carlos Pedala)

Os pingos de chuva escorrem

Gotas caindo dos toldos

Incomodando os que passam

Consumidores atentos aos melhores preços

De quando em quando, pequenas trombas d’água

Assustam a todos

E a mercadoria deixada à porta

(O freguês foi buscar o carro)

Causa congestionamento de transeuntes

Escutam-se as reclamações de sempre

O gaito lembra-nos de modo divertido

O fato de amanhã ser sábado

A brincadeira vinda sabe-se lá de onde

Torna mais leve o fardo

Transcorreremos mais suavemente a Rua Buenos Aires

Aceitando a civilização no meio dos absurdos

Feito as poças d’água

Onde os distraídos encharcam os pés de lama...