sexta-feira, 20 de julho de 2012

COMPASSO




Compasso
(Carlos Pedala)

Tantas vezes a poesia desaparece
e o poema some de vista entre as
árvores, junto à lataria do carro,
nas pistas. A morte passa ao lado,
passa rápido, depressa e deixa o
aceno. O medo me cruza espinha.

Por um segundo, ou mínimo espaço,
deixaria eu de ser eu. O nada seria
para mim o nada. Cheio de não ser,
eu não caberia no caber do fonema.

Nem seria, então, não poderia não
ser. Mas aquilo passa e as coisas
continuam. As rodas da bicicleta
rodam e rodam todas no mesmo
compasso do tempo, feito música. 

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