Compasso
(Carlos Pedala)
Tantas vezes a poesia
desaparece
e o poema some de vista entre as
árvores, junto à lataria
do carro,
nas pistas. A morte passa ao lado,
passa rápido, depressa e
deixa o
aceno. O medo me cruza espinha.
Por um segundo, ou mínimo
espaço,
deixaria eu de ser eu. O nada
seria
para mim o nada. Cheio de não
ser,
eu não caberia no caber do fonema.
Nem seria, então, não poderia
não
ser. Mas aquilo passa e as
coisas
continuam. As rodas da
bicicleta
rodam e rodam todas no mesmo
compasso do tempo, feito música.
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