sexta-feira, 28 de novembro de 2014

de vidro
(Carlos Pedala)

paro num botequim
são ruas na Lapa
um fim de tarde
um fim

chuva lenta
não passa

num mar de gente
um conhecido
encontrei

mergulho nele
pra destilar
o amargar dos beijos
que deixei... 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

blues em rio bonito
(carlos pedala)

o brilho da noite
da noite
da noite

a chama do blues
do blues
do blues

no vale dos loucos
dos loucos
dos loucos

os cabelos brancos
brancos
brancos

o brilho da noite
da noite
da noite

a chama do blues
do blues
do blues

o vale dos loucos
dos loucos
dos loucos


os cabelos brancos
brancos
brancos

pra poucos
poucos
poucos

o brilho da noite
um blues, um plus
pra quem quer mais um pouco
um pouco
um pouco

o brilho da noite
uns cabelos brancos
uns blues, uns plus
uns loucos,
loucos
loucos

o brilho da noite
em rio bonito
um blues,
um plus
um plus

o brilho da noite
em rio bonito
um blues
um plus
um plus


o brilho da noite
da noite
da noite

a chama do blues
do blues
do blues

no vale dos loucos
dos loucos
dos loucos

os cabelos brancos
brancos
brancos

o brilho da noite
da noite
da noite

a chama do blues
do blues
do blues

o vale dos loucos
dos loucos
dos loucos

os cabelos brancos
brancos
brancos

pra poucos
poucos
poucos... 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

inexorável em são joão de meriti
(Carlos Pedala)

agora vem de novo
esse mal estar em mim
como se estivesse indo
para são joão de meriti
no meio de tantos automóveis
de tantos automóveis paralisados
o que aconteceu ali na frente
só poderá ser um pouso ruim
desses que acontecem
nas margens da linha vermelha
e esse pouco de revolta
que ainda me resta
de dentro desses carros
e se abríssemos a porta e saíssemos correndo?
daríamos com a cara na porta?
e se não houver nenhuma resposta
pra tanto céu azul
se esse céu azul tanto faz
mas agora vem de novo o medo
de ficar preso no automóvel
que não anda
dentro desses carros...
mesmo porque ninguém se importa
são as tetas daquela cachorrinha morta
as margens da pista
como se nada pudesse ser feito
além de ficar aqui, preso
dentro dessas latas
dentro dessas portas
que não andam
na linha vermelha
como se estivéssemos indo
para são joão de meriti
e não houvesse nada que pudesse ser feito
mesmo porque ninguém se importa
feito as tetas daquela cachorrinha morta
as margens da linha vermelhar
e não houvesse nada que pudesse ser feito... 

domingo, 2 de novembro de 2014

doe-me o ouvido
um doer assim constante
que se faz esquecer
doe só de um lado
por quase dentro
doe-me o ouvido
como um poema engasgado
entalado na garganta
doe-me por dentro o ouvido
feito o silêncio assim distante
doe-me pra sempre o ouvido
em palavras repetidas
doe-me o ouvido
quero esquecer a dor
mas não consigo...