sexta-feira, 30 de novembro de 2012

LOJAS AMERICANAS


Lojas Americanas
(Carlos Pedala)

Quebrar o modo que falo
Para que no epitáfio
Esteja escrito:
Alguma coisa quebrou

Se isso não faz sentido
Também não faz sentido o amor

Se ando pelas calçadas
No Centro da Cidade
Vejo a multidão refletida
Em imensas torres de vidro

Se isso não faz sentido
Também não faz sentido a felicidade

No céu, esse azul lindo
Na Rua Buenos Aires, as lojas Americanas
E aquela moça sorrindo...

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

TEATRO MUNICIPAL


Teatro Municipal
(Carlos Pedala) Para Ethel

Ouvira falar na nova perspectiva
Não acreditou que o desabamento dos prédios
Na Rua Treze de Maio
Aquela imensa e triste tragédia
Pudesse trazer algo de bom

Foi conferir com seus próprios olhos
Não viu mais a geladeira pendurada
Nem  pessoas esmagadas, nem desaparecidas
Nem as linhas das salas e mesas
Nem as rendas, nem nada

De fato, apenas o vazio
Na realidade, um imenso vazio
O completo, o concreto vazio
Intenso, total
E a vista panorâmica do Teatro Municipal

ECOS


Ecos
(Carlos Pedala)

Diante da máquina de poesia
transcrevo a vida em letras
A tela é branca, é limpa
As letras, pretas

No toque, a tecla solta
A letra preta
E a letra na tela branca se amontoa
Em linhas retas, à-toa

O gesto do toque na tecla
Viaja em bytes cibernéticos  
Tocando outro em frente à máquina
em outra tela

E na esperança vã
A letra voa e ressoa
Num possível eco
em outra pessoa

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

VOLTA


Volta
(Carlos Pedala) Para Dona Alba

Casou-se cheia de esperanças
Foi morar no edifício Hilton Santos
Era a década de cinquenta
Viu a vida e o Aterro do Flamengo serem construídos
Criou os filhos

Havia glamour, troféus, glórias
Nos salões, os bailes da República
A capital foi para Brasília
A sede do Clube para a Gávea
O marido para o céu, ficou só no Morro da Viúva

Hoje, aos noventa e poucos anos
Terá que se mudar
Alguns garotos entendem que precisamos
Acumular toda a riqueza possível
Referendando o Deus Lucro

Antes que voltemos de onde viemos
De modo a expiar nossas culpas

PENSAMENTOS


Pensamentos
(Carlos Pedala)

Chegou ao trabalho
Atravessou a porta de vidro
Cruzou a catraca
Parou nos elevadores

Viu o cartaz: Inclusão social
(Conviver com as diferenças)
Achou tão bonito

Ficou contente por não ter nenhum problema físico
Afora alguns versos...

Achou tão bonito
(Conviver com as diferenças)

Lembrou-se da estrutura hierárquica
Algumas pessoas são mais bonitas do que outras
E outras são bem mais bonitas ainda
Olhou para os lados
Por um segundo,
teve medo que as paredes escutassem
pensamentos

ANTECEDENTE


Antecedente
(Carlos Pedala)

O significado seja simples
Feito gota de chuva
E a palavra desperte
Mesmo que só no instante

Momentaneamente quebre
A esfinge
E afugente
O que fosse em mim corrente

E te liberte
Pra amplidão do ventre
Dessas coisas que a gente fala
Inconsequentemente

Acendendo em você
Desse modo
sorriso sem antecedente

terça-feira, 27 de novembro de 2012

UNIVERSAL


Universal
(Carlos Pedala)

A terra se mexeu entre dois passos
sem gravidade
pequena depressão celestial
quasar fundamental
esgotemos o pulsar do bolso
Isso já aconteceu nas telas

Vamos prolatá-la na mesa do bar
Ali, na sexta-feira interglacial
 
Lembremo-nos dos versos escritos
em poemas esquisitos
Ou romances russos

quem sabe?
Façamos um quadro expressionista
Ou samba de passista
Na busca do insuspeito céu

SUBIDA


Subida
(Carlos Pedala) Para Niraldo Elias Moreira

Preparou-se a semana inteira
Torceu para que não chovesse
Dormiu e acordou cedo
Chegou na hora marcada
Encontrou o grupo

O dia estava perfeito
Céu azul, nenhuma nuvem
Todos estavam animados
Contavam fatos e brincavam
Pareciam crianças no recreio

Iam subir o Pico das Agulhas Negras
Aproximadamente dois mil e quinhentos metros
Conheceu o Vitor e a esposa (animadíssimos)
Conversou bastante com ele (parecia-se comigo)
Na subida, o Vitor passou mal, sentou-se e morreu...

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CONSTRUTOR

Construtor
(Carlos Pedala)

Escrever versos com rimas
Dizendo coisas que toquem
Atraindo as mentes como imãs
Sem deixar fugir as nuvens

Sem nenhuma recompensa
Além daquela que se vê
Nos raios do amanhecer
Sem o nome na imprensa

E jamais sendo unânime
Principalmente entre seus pares
Imbricado dessa flama
Afogando-se nesses mares

Engenheiro da linguagem
Construtor de pontes móveis
Sonhador de sonhos jovens
Ilusionista da coragem

domingo, 25 de novembro de 2012

GUERREIRA



Guerreira
(Carlos Pedala) Para Thais Cervantes

O olhar distante me captura
São cores, signos, luzes
Por tantos e tantos lugares
Num jogo de se mostrares

É rainha, sereia, prisioneira
Do encanto da mídia faceira
Curtiu-me no facebook
Mas eu já te curtira antes

Trabalhas sobre a imagem
Aras essas paragens
Colendo nela o instante
fruto deveras inconstante

mas tudo na vida é assim
quando mal percebemos, fim
As portas do sucesso se abram
A vida lhe seja tão bela

E que as asas te tua tatuagem
Te levem aos céus infinitos
Porque todos necessitamos
Do que é realmente bonito

NA SALA


Na sala
(Carlos Pedala)

Escrevo coisas na tela
Escutando Tim Maia na sala
A mulher se deita e se enrola na coberta
Vou até a janela
E vejo os pombos cruzarem o espaço

Na baía de Guanabara, uma regata
Chove um pouco
Mendigos debaixo do viaduto do Aterro
Conversam feito família
Porém mais sujos

Procuro elevar os pensamentos a outros campos
à solidez do Pão-de-Açucar
às nuvens do céu encoberto
Logo, conformado, aceito esse pouco de tristeza
Que me visita
Oferecendo-lhe café e sala 

CANTADA


Cantada
(Carlos Pedala)

Que a palavra venha
Como sentença

Que venha nua
Como a nudez da mulher
Que se mereça

Que ela seja o que seja
Em sua força
Em sua fortaleza

E que o sopro que a carregue
Flutue
Em ondas do infinito
Mar adentre
Incendiando a nuca
Possuindo seu hábito

Preparando o terreno
Para o hálito
Encontrar pouco antes do seu corpo
Seus lábios e boca

DA FAZENDA


Da fazenda
(Carlos Pedala)

A gente pouco se fala
Não poderia ser diferente
Depreendem-se no trabalho
total energia

Mora longe
Alguns a chamam “Da fazenda”
E cuida dos seus direitinho
aos filhos, traz na linha
ser mãe é mais que só carinho

E viver no mato é ser vizinho
de passarinho
é ouvir os grilos e outros grilos
de outros tempos

E embora não pareça
há tempo pra poesia
Ela é pra poesia
Ela é fortaleza

E sua beleza é maior
Porque é beleza.   

PISCA-ALERTA


Pisca-Alerta
(Carlos Pedala) Para Marcus Vinicius Quiroga

Em alguns lugares a neblina
Torna todos os lados nevoa
E o aviso de Máquinas na
Pista emite pisca-alerta

O alerta conscientiza do perigo
De no meio do caminho em
Branco haver o concreto puro
Tal qual a pedra do poeta

Assim sempre tem sido
Desde tempos e tempos idos
O homem deixa as coisas úteis
De lado e vai tratar a linguagem

Veja, nem tudo está perdido
Pois esse aviso em verso diz:
A neblina que ameaça
É verdadeiramente nuvem baixa
Vinda dos céus para haver-se  
No haver dentro das máquinas. 

sábado, 24 de novembro de 2012

INCOMPLETO


Incompleto
(Carlos Pedala)

As palavras faltaram
ao encontro com o poeta
e o que era para vir
não aparece
feito visita que não chega

é branca a cor do desengano
é a cor da pauta
deserta
prisioneiro  da total liberdade
e a ausência de cerca

pista do nada
cor que envolve as íris e olhos
vendo-se inelutavelmente inerte
e seco, inveja-se
a poesia que vagueia
incompleta

SÁBADO À TARDE


Sábado à tarde
(Carlos Pedala)

Almoçavam no restaurante La Mole
De Botafogo
Beliscavam o famoso couvert da casa
Beberam alguns chopes (poucos)
Eram três
Um casal de mais de vinte anos de casamento
e um amigo de longa data
Falavam coisas amenas
A mulher lembrou que outro dia, no cinema
O marido havia trocado o pedido da pipoca
Ao invés de pipoca média
Pedira a pequena
Ela ficara fula da vida
E ria dessa história
E na mesa todos riram e acharam graça e era sábado,
à tarde

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

OPINIÃO


Opinião
(Carlos Pedala)Para meus inimigos

Dia desses fui até Petrópolis
Cidade onde já morei
Procurei por mim nas ruas
Nem achei

Não, não fui fazer compras na Rua Teresa
O Museu Imperial estava no mesmo lugar
O centro continua limpo
As pessoas andando tranquilamente (peculiar)

O sol com seu brilho especial
O ar puro como sempre
E os morros ameaçando desabar
Apenas a rodoviária agora é em outro lugar

O prédio onde habitei ainda está lá
Outras pessoas vivem no meu antigo lar
Ninguém sentiu a minha ausência
Será assim quando eu houver partido desse mundo

Então, por que eu me importaria com a sua opinião?

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

OS OBJETOS


Os objetos
(Carlos Pedala)

Os objetos
E os sujeitos
Entre eles
O vão suspeito

Os objetos
Cercam-nos
Sufocam-nos
E por eles nos matam

Os objetos
Em todos os lados
Opacos
Sem intenções concretas

Os objetos
Do outro lado
De nós, sujeitos

Entre você e eu
Os objetos
Opacos
Em si

terça-feira, 20 de novembro de 2012

CRIAS



Crias
(Carlos Pedala) Para Ninfa Parreiras

Alcançam-me as madrugadas
Sonho com teclas
e fadas
no silêncio e no barulho dos carros

Nem sei o porquê
surge-me a lembrança
Da caneta mágica da Ninfa

Ela inventa histórias pra criança
E faz renascer em todos nós a infância
Alimentando saudades
dos avós
e de Bartolomeu Campos Queirós

Mesmo de longe
De quando em quando,  dá uns toques de Fada

Que ninguém se iluda com a força de tal ato
Dentro daqueles olhos claros
Existe uma onça de Lobato
pronta pra defender suas crias

Sejam de carne e sonhos
Sejam de letras e fantasias 

CASAMENTO


Casamento
(Carlos Pedala)

Percebendo as brincadeiras do destino
Nem sei se lamento
Nem sei se choro
É momento de extrema tristeza
Para a noiva que vê fugir o futuro

E os amigos que não acreditam
Da vida se esvaindo nas mãos
No sangue correndo no chão
É absurdo, é mentira
O rapaz tão bonito

Foi a taça com a qual brindara
A felicidade completa
Em alguns segundo tudo se acabara
Agora, apenas a perplexidade
e os retratos
na sala. 

CORRENTEZA




Correnteza
(Carlos Pedala) Para Beatriz Milhazes

Esparramo notas
Sobre a tela branca
Os dedos tocam nuvens
e teclas macias, suaves
Aceitam
dispondo as lado a lado
Feito as cores de Beatriz Milhazes
No quadro

E como uma mulher no cio, se deitam
Em uma sintonia perfeita
Vão dizendo letra por letra
Desfilando vocábulos e conceitos

Construindo os versos,
Os tempos verbais de modos escorreitos
Navegamos a correnteza do rio
De matizes bonitas
E Palavras
Não Ditas. 

INCOMODO


Incomodo
(Carlos Pedala)

Retiro com um sopro a poeira
Das teclas
Das letras
Preciso dizer algo impreciso
É alguma coisa que me incomoda
Confuso, espero, o que quer ser dito

Leio em outros autores o que não consigo
Mergulho nos versos
E passeio entre as linhas do discurso
Releio o enredo e o abraço

Me canso
E me desfaço
O tempo passa e algo apodrece
Sem identificação precisa
Esse ser em mim
Que se adoece

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

NAS MÃOS DE DEUS


Nas mãos de Deus
(Carlos Pedala)

A casa está para ser leiloada
Dívidas esquecidas
Por conta disso, foi penhorada
Os negócios iam bem
Era pouco
Precisávamos demonstrar superioridade

Hoje, tudo mudou
Estamos mais humildes
Ninguém errou
Foram os outros
Foi a China quem chegou

O melhor é ir ao cinema
E levar Mamãe para almoçar fora
Tenhamos fé
Deixemos o trabalho nas mãos de Deus
E ocupemo-nos novamente se somos parentes ou família

REENCONTRO


Reencontro
(Carlos Pedala)

Hoje, fui visitar parentes em Jacarepaguá
Peguei o 343 no Centro (não tenho carro)
Na Rua da Carioca
Em frente ao bar Luiz
Tive medo de ser assaltado

O trajeto passa pela Avenida Brasil
e Linha Amarela
Um antigo conhecido, que não via há cerca
de vinte anos, entrou no coletivo
Ele sentou-se ao meu lado e conversamos

Trabalha de vigia ou porteiro
Ganha por volta de oitocentos reais
Tem quatro filhos
Parou de estudar no primeiro ano do segundo grau
Gosta de fazer compras pela Internet
Desejou-me sorte, desceu do ônibus e sumiu... 

POETA


Poeta
(Carlos Pedala)

Misturador de letras
Pintor de imagens cerebrais
Transgressor de murros e umbrais
Emissor de tudo que o poema trás

Fonte do rio que não cessa de passar
Criador de verso e melodia
é cria da lira
Pastor de nuvens
Agricultor de estrelas

Cego pra tudo que aniquila
Alma pura
Poleiro onde pousa e pausa a poesia
De onde ela pula
Pra amplidão
Devaneio e chão

domingo, 18 de novembro de 2012

OLHOS NOS OLHOS


Olhos nos olhos
(Carlos Pedala) Para Rosalba Batista

Os olhos deles se falavam
Os olhos se viam dentro dos olhos
Olhos nos olhos
Imponderáveis olhos

E ela me falara daqueles olhos
os olhos dela haviam avistado
aqueles olhos,
dentro de um vagão do metrô

E os olhos dela brilhavam
Como se só ela houvesse visto
Aqueles olhos do metrô
Daquele olhar reciproco que ela vira
E que extrapolavam o tempo,
As paredes, o concreto

Eternizando-se no olhar dela
Agora,
Eu via aquele olhar,
Aqueles olhos que ela vira
nos olhos dela

FUGAZ


Fugaz
(Carlos Pedala)

Jogamos o lençol sobre a cama
Arrumando os cantos
Esticando bem, trocamos as fronhas
Para que os corpos nus ali se encontrem

No ambiente preparado, o embate
Não haverá luta, mas troca
Onde todos terão a sua parte
Parte que se busca

Enquanto a eternidade não caia
E as falas se calem
E o silêncio se diga

Sem lamentos no que vale a vida
É fugaz
Como o amor que a gente
faz

POESIA


Poesia
(Carlos Pedala)

O poema tem mistérios
A poesia também
Às vezes ela vem
Às vezes...

Há diferenças fundamentais
O poema é o verso escrito
A poesia é o inexplicável
O que se revela fora da inteligência
Ao espirito

O poema tem seus segredos
Suas fórmulas, o uso das figuras de linguagem,
Dos paradoxos

A poesia pode estar em qualquer lugar
Ela é livre, pertence à raça humana
e a seus sonhos...

sábado, 17 de novembro de 2012

IDENTIDADE REAL


Identidade real
(Carlos Pedala) Para a realidade

Agora quero um poema
Sem nenhuma imaginação
Que a realidade seja nele
clara folha de papel
quero a descrição do real

O concreto esteja aqui
Impenetrável dureza, trem da Central
Tais quais os muros das prisões
Impedindo presos de sonharem
E a fome cortando o amor no homem

A letra escrita tenha a medida
Exata do que ela representa
O vocábulo seja no conceito
realidade concreta
identidade plena com o dizer do poeta

NO BOTEQUIM


No botequim
(Carlos Pedala) Aos fígados

Em conversa de poeta
Nenhuma palavra escapa
sendo cada uma dita exata
Tudo é desmesuradamente excesso
e falta
tal qual livre verso

ouve-se o som da flauta de Altamiro Carrilho,
plagiamos Pessoa, levantando fundos,
conquistando mundos
sem sair da mesa, sem largar o copo

entram na conversa: Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, Carlos Drummond de Andrade, Pixinguinha, Garrincha, Marcus Vinicius Quiroga, Noel Rosa, e tantos outros...

E tantos outros, tais quais: Ethel, Sylvia e Eber
São tantos, que sempre me esqueço de citá-los
Assim, quem souber
Que o faça.

Uma vez que ainda de ressaca,
não do álcool
Mas das palavras que daquela forma ditas,
Por poetas e ciclistas alados
Embriagam espíritos
Iluminando almas, apaziguando fígados.   

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

TRICOLOR


Tricolor
(Carlos Pedala) Para Roberta e Leandro

Onde ela chega as luzes são acesas
moça tão bonita, encontrou o par perfeito
casamento de princesa
trabalho e batalha infinita
lutam com tal brilho que ao mundo inspiram

carioca de nascimento
no salgueiro é estrela
moça tão bonita
que todo o mundo pára
pra ouvir o que ela fala

A felicidade esteja sempre com o casal
Saúde, paz e prosperidade dentro do portal
O único defeito é que o tricolor é seu dengo
Mas os amigos torcem para que
Leandro a demostre: o melhor é ser Flamengo!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

POLIFONIA


Polifonia
(Carlos Pedala)

Os rumores dos carros atravessando
A madrugada e as avenidas
Enquanto o dia não chega
Por todos os lugares do mundo os mesmos cuidados
Acerca da vida

O navio entrando na baía de Guanabara apita
Lendo em Nietzsche
Aprendo como a maldade pode ser Bonita
E a perplexidade
Acerca da vida

O navio em conflito saindo da baía de Guanabara apita
O Aeroporto Santos Dummont ainda está fechado
Então, as palavras vão descendo com intenso cuidado
Enquanto a chuva reflete e se espanta
Acerca da vida

Não obstante, poeta e poesia, a gente só pensa em andar de bicicleta, sem saber nada de polifonia.