quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ETCETERAS


Eteceteras
(Carlos Pedala)

Abrindo nuvens a gente se deita
Sua saia se levanta
Os cheiros ultrapassam o concreto
Os aromas do sexo
Encosto-me no seu canto
O hálito apenas diz que está seco
Está seco, estou seco

Os músculos resistem e cedem
Ao ultrapassar o liame
Algo se irrompe em você
Me expulsa e me ampara pra dentro
O ser vibra em descompasso
Urros de desconforto e prazer
Convivem, misturando os etceteras
Logo, largamos os guidons das bicicletas...

PELA MANHÃ


Pela manhã
(Carlos Pedala)

Abro os olhos, é cedo
Planejo andar de bicicleta
Mas as pernas delas se cruzam
Pelo jeito, nem meus pensamentos
Poderão sair desse quarto

Finjo que não vejo
E entro no jogo
As pernas dela se cruzam de novo,
Ou melhor, se enlaçam às minhas

São as tramas do desejo
As mãos também se querem
Dentro dela me encontro
E me desfaço
Nossos cabelos se misturam
Em trilhões de beijos...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

DELIRANTE


Delirante
(Carlos Pedala)

Ela diz coisas estranhas
Em língua que não entendo
O mundo está em suspenso
Fora e dentro da noite
Agora, há o sal da vida na boca

As nuvens fazem sentido
E anjos invejosos pelo chão
Unidos significados e significantes
Delírios como nunca vistos antes
E conhecida Mansidão

Ela diz coisas estranhas
Tal qual ser uma bicicleta
E que eu a monte em inexplorados recantos
Com a língua percorrendo todo o seu corpo
Estacionando no lugar mais importante

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

TRANSA


Transa
(Carlos Pedala) a Roberto Carlos

O líquido escorre no rosto
Ele é espesso, viscoso
Feito palavra, ronda sua boca
É expelido a jato
no impacto seus olhos piscam
E o prazer percorre os corpos
O silêncio invade o quarto
Anjos de bicicletas deslizam a nossa volta
E a sua cara quieta fala sobre o meu ser
E os sapatos transbordando afeto
A vida se esparramando no grito
E a química a exalar aroma próprio
Sendo o céu cama desfeita
E aquela blusa que você usava
Vexada num quanto. 

ESCRITOS


Escritos
(Carlos Pedala)

Os poemas moravam no vento
Escapando a qualquer instante
Voltando a qualquer momento
Assim diziam os poetas
Escravos de seus escritos

Com o tempo, as coisas mudaram
Os poemas já não voam tanto
Feito em outras eras
Mas o que haveria mudado?
A poesia ou os poetas?

Por causa desse mistério
Que ronda tudo o que falo
Não obtive êxito no concurso pra funcionário
Agora, vivo calado, embora completo.
(o sonhador das bicicletas)

PARAFUSO


Parafuso
(Carlos Pedala)

Perdi o mundo em mim
Antes tão claro
Agora tudo é parafuso
Vejo nuvens de lata, montando  quebra-cabeça
De como o assalto se deu

Na profusão de imagens
Decifro mensagens dos internautas
Enviadas por Deus

Dia após dia, aguardo epifania
Feito pastor da metalinguagem
Onde a perda se procedeu

Morador de bicicleta,
Especulador das Belas Letras
Das poesias concretas
Das falas nas quais me deito

domingo, 28 de outubro de 2012

RECREIO DOS BANDEIRANTES


Recreio dos bandeirantes
(Carlos Pedala)

À tarde, ao fundo, a Pedra da Macumba
e as bicicletas paradas
Nas avenidas os carros passam de pressa
Pessoas assistem ao trânsito das rodas
Sem tirar os olhos das telas
Que as coisas fiquem quietas
Não vamos tocar nelas

As mentiras estão presas
Em palavras que não nascem prontas
Nas fotografias o reino da felicidade
sendo o mundo fosso da poesia e vítima de realidade
Quisera fosse mudo
para os ecos do dizer
Não há sol, não há luz, não há nada
Na tristeza do entardecer



sábado, 27 de outubro de 2012

BARRA DA TIJUCA


Barra da Tijuca
(Carlos Pedala)

O horizonte do Oceano Atlântico
É Fixo
Dividindo o céu e a Terra
Nele surge vaga e vem
Vem a vaga onda,
e arredonda, arredonda,
quebrando-se em espuma
Chiando e vindo, e vindo, e se esparrama
Se espalhando em nós e em tudo
Branca lava areia, fria feito neve leve.
Mergulha, emerge e espuma.
Um pouco mais acima, a ciclovia e as árvores,
E um pouco mais além do vento que existiria,
No céu sem nuvens, passeiam pássaros, aviões
E o helicóptero vermelho do corpo de bombeiros.

IN RIO




In Rio
(Carlos Pedala)

Há pedaços de oceano
Que cultivo feito quem cultiva auroras e espinhos
Nos vagalhões entre muros e carros
Percorro caminhos esquecidos, vazios.
Ando de bicicleta na orla do Rio.
Qualquer palavra se escuta, se diz e se cala em Copacabana.
Frente ao recital dos passarinhos,
O vento exala cheiro de moça,
Restos de sentimentos invadem em ondas o calçadão, sendo varridos e expostos às moscas.

Efeito das massas, 
O tempo em pressa; passa, para, pensa.
Cego de favela, vejo a clareza dos elos; olho no olho, fundindo céus e infernos.
Enquanto a poesia seminua se resseca na areia.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MORTE


Morte
(Carlos Pedala)

Por quanto venha em mim silêncio
acrescido de abismo
Gravitacionando tempo e o consumindo
Da forma de buraco negro
Emito palavras em preto
Ou melhor, meus dedos falam
Conceitos que desconheço, desde que são ditos
Soam de modo estranho
Como as bicicletas no trânsito do Centro
Como o absurdo da poesia posta no concreto
Ou o despropósito do beijo na boca
Onde as línguas se tocam em dialogo mudo
a sentir o gosto do falar do outro
E o gesto escorrega para o meio das pernas
Na erupção do gemido, do gozo, do grito; nascido pronto, feito morto. 

TEMPO



Tempo
(Carlos Pedala)

As dimensões do tempo são insuspeitas,
Maestro dos mares, dono das eras
Sempre presente em quaisquer lugares
Inexistente como quimeras

Nos raios das tempestades
No girar dos raios das rodas das bicicletas
Companheiro de detentos em suas celas
Componente dos jogos de rodas de infantes

Eterno fluir, constante em seres assim
Somente os poetas tentam te agarrar pelos cabelos
Como amante que mente
É uma luta de brios
Confusão de ancas, peitos e seios, no coito
No roçar das línguas, instante do grito, do gozo
ausente de mente e de corpo eternamente. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

MODELO




Modelo
(Carlos Pedala)

Francesca Del Bosco, tão linda!
Te conheço da fotografia
Do retrato, mas os tempos são
Outros, são outros de outros dias...
De Milão é que você me fala,
Ou melhor, andas de bicicletas

Por ciclovias que desconheço
Não sei dos teus cheiros,
Nem saberei dos teus gostos
De fato, pouco sei a seu respeito
Vejo peças e adereços de ciclistas

É modelo de uma marca
Um sonho de consumo
Que sonhos terias de dentro desse rosto?
Teu nome é Francesca del Bosco.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ERRO


Erro
(Carlos Pedala)

Existir triste
é pena
Andar de bicicleta
é leve
Nada que se completa, dura
Sendo o vazio sem cura
E a tua ausência completamente eterna
Os beijos que não dei, darei eternamente
E os enganos que me enganei,
já sei
Existir triste é pena
Andar de bicicleta é leve
Viver de forma tão correta
Não sei
Não sei 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

E-MAIL


E-mail
(Carlos Pedala)

O tempo é o melhor remédio
Para aquilo que não tem cura
Embora a receita para o mal esteja
na amargura, nem sei bem o
Que falo, preso em antigas imagens

Hesito em atravessar a rua
Acorrentado no medo, recebo os pingos da chuva
No vento as folhas, um pouco de elixir.

Talvez, ter não seja palavra correta.
Mas o tempo passa e continua a fluir
Na eternidade é onde tudo acontece
Nela ando de bicicletas por ciclovias e retas
Nela vou sem qualquer propósito
Nela invento amores para me consumir
E abro e-mail em expectativa antes de dormir.  

ANTIGOS


Antigos
(Carlos Pedala)

Releio antigos poemas,
Antigo é o que se dizia
Do barulho dos carros, sinfonia.
No céu, pesadas nuvens espiam
a Cidade do Rio. Bicicletas andam
espremidas no meio-fio.

Não cabe aqui lamento,
Bem antes, relato.
Pois logo virão outros dias.
E no futuro se perguntarão:
Como assim se vivia?

O tempo é sempre mistério,
Constante fluir pro além, sem pé,
Sem paradeiro, não dá
Satisfação a ninguém. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

PERFUMES


Perfumes
(Carlos Pedala) A Casimiro de Abreu

O céu da primavera se abre sobre a cidade
Nos aeroportos, os aviões partem e pousam
E os automóveis trafegam no trânsito
E pessoas em transe circulam
Entre os cheiros da gasolina e perfume de flores

No meio dos seres, o Corcovado.
Sendo nos morros as vielas e os ipês amarelos
Nas telas dos computadores
Os desejos de consumo
Entre beijos de amores e perfume de flores

Nas ciclovias as crianças andam de bicicletas
Dos prédios, as janelas olham e não se animam
Os corredores correm aos domingos no Aterro
Os fiéis saem da missa às pressas
Entre pedidos, promessas e perfume de flores. 

domingo, 21 de outubro de 2012

MAIS UM DIA


Mais um dia
(Carlos Pedala)

É cedo, mais um dia nascendo
Nada tão comum, apenas mais
Um dia, com aurora e poesia.

É cedo, mais um dia nascendo
O sol subindo no horizonte,
E sombras se escondendo.

É cedo, mais um dia vem vindo
Como em milhões e milhões de anos,
cheio de tango e desenganos.

É cedo, mais um dia chegando
As ciclovias estão vazias. Porém,
Logo, totalmente transbordando.

É cedo, mais um dia e num piscar de olhos,
Completamente escuridão ou razão.
É tudo isso se dando em mais um dia. 

sábado, 20 de outubro de 2012

ANTES


Antes
(Carlos Pedala)

Agora a pouco, presenciamos, de passagem
Um disparate, vínhamos de bicicletas
Ali, em frente ao Centro Comercial Argentina
Em Botafogo
Imagina?

Em pleno horário comercial,
Por volta do meio-dia.
O sujeito declamava poesia.
Não sabemos se era Dante
Ou alguma outra coisa divina.

Não sabemos exatamente do que se tratava.
Está certo, ninguém parava ou dava-lhe a menor atenção
Também, pudera, só há tempo para hipocrisia
Só há tempo para acumular riqueza
Antes que o silêncio nos arrebate da grandeza. 

PARQUE DO FLAMENGO




Parque do Flamengo
(Carlos Pedala)

Em frente à janela do apartamento
A Baía de Guanabara
Com suas águas plácidas
onde os barcos a vela flutuam
E os aviões sobrevoam em curva

Tocando a Terra, fazendo fumaça
No toque
Correndo na pista, livres de tudo que é leve
A gente passa de bicicleta entre os coqueiros
Com o vento do Parque do Flamengo,
Fazendo vista.

A gente não sabe como isso nos alcança
Alguém joga capoeira, o outro se balança
O passarinho pia
Seria isso poesia? Ou o que seria?

ENIGMA


Enigma
(Carlos Pedala)

Há em mim um silêncio
De quando eu não havia
Tão profundo e esquecido
Feito grito

Esse abismo onde habito
Não existiria, mas existirá
Quando nada ainda houvesse
Antes de todos os momentos
Alguns instantes antes dos tempos

Sem ele nem seria bicicleta nem seria ciclovia
Nem ser poder-se-ia
Do jeito de calar
Quando só o houver
(o mudo grito)
Tudo será como tudo e poesia. 



VINGANÇA




Vingança
(Carlos Pedala)Para Nina

Como uma vingança
Uso toda poesia
feito sentença que se desfaça
Tal qual a maresia
Levada pela neblina
das primeiras horas do dia

Imagino me indo de bicicleta pela orla carioca
Como uma vingança
Que se traça noite e dia
Sem descanso
Sem remoço

Como uma criança
Feita de alegria
Nas primeiras horas do dia
Como o prato frio
Feito melodia, feito poesia. 

GARRINCHA


Garrincha
(Carlos Pedala)Para meu amigo Maurão

No amanhecendo,
os passarinhos cantam
Por um momento, lembro-me do jogador
Garrincha bebendo cachaça,
num canto

Apenas uma lembrança,
feito nuvem de fumaça
Que o vento desvaneça,
mas em forma de poema
Talvez, nunca se esqueça

Por um momento, apenas uma lembrança
Meu pai andando de bicicleta e eu,
Criança
que em forma de poema
Talvez, nunca se esqueça.

ROTINA




Rotina
(Carlos Pedala)

O muro com o que me deparo
A cama onde me deito
Os peitos nuns dentro do peito

O silêncio e suas macias horas
A ausência eterna e o desespero
Aguardar a audiência

Um pouco antes do sono
O tremor nos músculos da perna 
O conserto da bicicleta

Uma nota de cem reais
A conversar sobre o valor
Os carros andando lá fora

O sonho que foi embora
O pedação de pão, a poesia
Um cafezinho e o dia-a-dia. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

RUA DA REPÚBLICA, 70




Rua da República, 70
(Carlos Pedala)

Maiakovski é grande poeta
Rainer Maria Rilke fala na língua dos anjos!
Hölderin é citado por Heidegger
Fenando Pessoa não tem tamanho

Mal sabemos andar de bicicletas
Pelas ruas do Rio de Janeiro
Melhor seria dizer pelas ciclovias da
Zona Sul carioca

Não é assim que se moldam poetas
a gente sabe dimensionar isso
e ficamos brincando com as letras,
copiando versos e figuras de linguagem.

embora haja sempre a esperança que a poesia pouse,
feito nuvem, certo dia, perto de onde estamos,
próxima à Praça Tiradentes, na Rua da República, 70.   

ALUMBRAMENTOS




Alumbramentos
(Carlos Pedala) Homenagem à Maria Lúcia Dal Farra

Simples versos de perfume
Inunda os meus lares,
Se o prêmio pra algo serve, além
De te conheceres, já bastante serventia
Há de tê-lo

O novo enredo é novelo
O compositor de palavras nem sempre
Sabe descrever
Dos “Alumbramentos” ainda não sei
Mas hei de saber

Com certa vergonha vou contar
A preguiça faz parte do meu ser
Veja as bicicletas encostadas nos muros
É como o não-ser
Para sabê-lo é preciso vivê-lo, ou seja: não-ser. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

AVIÃO




Avião
(Carlos Pedala)

O pouso do metal encerra o sol.
Em voo suave, em toque leve.
Estremecidamente à terra entregue.
Acompanho no campo visual seus gestos,
Da bicicleta me encontro rasgando os céus.

No piscar de luzes,
Em meio a mandingas e cruzes.
Cruzando igual cenário,
Deslizando acima da Baía da Guanabara.
Na pista, corre livre da leveza dos ares.

Vieste de Buenos Aires?
Ou de quais lugares vieste?
Quantos azuis mares sobrevoaste?
Atravessaste quais olhares?
Através das montanhas e nuvens aqui chegares.

POEIRAS





Poeiras
(Carlos Pedala)

plantas dentro de casa
bicicletas encostas nos muros.
A linguagem no jogo de linguagem.
Estacionado, aguardo verso que traduza
o imensurado, o destamanho, o medo.

Não há motivos para nada
Nem para tudo que cabe dentro da palavra.
Mesmo que nela nada ou coisa alguma caiba,
Sendo o nada inconcebível eternamente.
Feito poesia, feito porta fechada, feito coisa.

Desconfigurado, sem sentido,
São as linhas do que digo.
Lembranças daquele beijo, lembranças daquele gozo.
Enquanto a poeira pousa sobre os móveis da sala
Em outubro, no bairro do Flamengo.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

MAIS QUE UM




Mais que um 
(Carlos Pedala) Para meu amigo Jeferson

Amizade em Pessoa humana
De gostar de gente,
De gostar de qualquer humano
Sabendo: qualquer humano
É mais que um
O bom de um humano
Sabendo: tudo é um
Pouco se importando com
a bicicleta que não é nada e é de ninguém
O mundo é de ninguém
Nada é de ninguém
e mais um humano
é muito mais além
Muito além do eu que nos contem
Muito, muito mais além... meu mano. 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

LEITURAS RECOMENDADAS




Leituras Recomendadas
(Carlos Pedala)

Mecânica básica para ciclista
Ou Iniciação Zen Budista
Leituras obrigatórias para quem
Quer saber aonde vai chegar

Para quem quer arrumar
Namorada e viver grande
Amor, recomendamos Vinicius de Moraes
Pois aprender amar nunca é demais

Todavia, nada de vaidade,
Precisamos lembrar que amar
se aprende amando, assim ensinou
o Poeta Mor Carlos Drummond de Andrade

E caso você já tenha ultrapassado
O amor e fique espantado com o mar
O melhor é ler Ferreira Gullar. 

EXATAMENTE




Exatamente
(Carlos Pedala)

Escuto a fala de Deus em muda língua
Não compreendo exatamente o que se fala
Incompleto compreender completamente
Há incerteza na medida exata em que se fala
Mas é sobre isso que se fala
Exatamente
Como o barulhinho dos elos vazados da corrente
Traçando dentes do peão e da corroa descontente.
No eterno, no constante, no sempre existente
Deslizar dessa corrente
Sobre o eixo semovente
Exatamente
Na perfeição do encaixe desses dentes
No tempo a girar eternamente
Dentro e junto aos elos vazados da corrente.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O SAGRADO




O sagrado
(Carlos Pedala)

O canto da morte nas letras
De Cruz e Sousa, a presente agonia
Quisera andar de bicicletas em infinitas,
Delirantes e suaves ciclovias

Quisera ler a completa poesia da vida
Do poeta. Palavra justa, palavra certa
Do criador de voluptuosos hinos
De soluçar incessante e sonetos finos

Do desespero a flor dos olhos
De inebriantes vinhos e visões dos infernos
Da sublimação dos sentidos
Da graça, da forma, da formosura

Da manutenção da compostura
Mesmo com a revelação de tudo o que é sagrado
Sendo esse, talvez, o mor desespero.