quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

É ISSO


É isso
(Carlos Pedala)

Nem vou falar nada
Eu não vou dizer
O que está pra acontecer
Quem viver verá

Não adianta insistir
De mim não vai sair
Nada que queira saber
Eu não vou dizer

Não queira saber
Nada vou contar
Nada pra você
Nada pra falar

Quem quiser saber
Espere pra ver
De mim não sairá
Não há nada que fazer

Quem viver verá

MUDANÇA


Mudança
(Carlos Pedala)

Estou de mudança
Vai mudar a paisagem
Adeus, Morro do Pão-de-Açúcar
Adeus, Baía de Guanabara

As coisas sairão de seu lugar
Nova ordem será estabelecida
Outros andarão por estes quartos
E os amanheceres serão de distintas visões

Não mais veremos os primeiros aviões a pousar
No Aeroporto Santos Dumont
Nem as decolagens diretas pra outros ares
Nem mais as gaivotas a voar próximas às janelas

Nos fundos, o Morro da Viúva
À noite, nem mais verei o Cristo Redentor
De braços abertos ou encoberto de nuvens
Eu vou mudar, e quem não mudaria? 

E ETECETERAS


E eteceteras
(Carlos Pedala)

O sol voltou a brilhar
E se insinuar na poesia
Bem como: o cotidiano, o dia a dia
As ondas, as pranchas dos surfistas, o mar

A sujeira no Centro do Rio
As favelas,
O navio lentamente deixando
A Baía de Guanabara

O avião de alumínio
Voando em direção ao azul do céu
A solidão nos apartamentos de três quartos
O orgulho do morador da Zona Sul

A alegria de viver nessa Cidade
O encontrar com amigos
O chope na Lapa
As lembranças da idade

O ser na forma de linguagem
E eteceteras... 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

TOM DE VALPARAÍSO


Tom de Valparaíso
(Carlos Pedala)

Em Valparaíso, no Chile
Existe um museu na casa de um grande poeta
Prêmio Nobel de literatura
Vive cheia de gente
Estava assim quando a visitamos

Pouco antes, ao passarmos pela praça
Havia estátuas tomadas na guerra contra a Bolívia
Um cachorro dormia de costas
Enquanto um grupo de músico tocava seus instrumentos
Nosso grupo achou graça

Na saída, a moça vendia bijuteria
Seus filhos brincavam ali perto
Um gatinho dormia (igual ao cachorro da praça)
Ninguém estava feliz nem triste
Apenas havia certo tom de poesia 

VOO DE GALINHA


Voo de galinha
(Carlos Pedala)Para Ferreira Gullar e Nelson Rodrigues

Claro que nada é assim tão simples
A galinha voou um dia
Em um quintal nos subúrbios do Rio
Em mil novecentos e setenta e quatro
E demorou quanto tempo esse voo

E a inclinação dos raios de sol
Que vieram de longe
Para tingir as penas
As penas das pontas das asas
Da galinha

Perceba como nada é tão simples
Olhe para o céu e veja as estrelas
E o vazio que existe na imensidão
E o voo da galinha, quem diria?
Acabou por virar poesia

RESPEITO


Respeito
(Carlos Pedala)

Leio meus versos escritos por outros
Não, não me aborreço
Apenas tomo de novo o que é meu
Como pode ser?
Alguns foram escritos antes de eu nascer

Não sei explicar
O que sei é que são versos que eu escreveria
(de uma forma ou de outra)
Se outros já não o tivessem feito
Assim, não vejo o porquê de não reescrever
O que é meu por direito

Além do mais
Muitos dos que escreveram já não se importam
Ah, os herdeiros
Esses que escrevam os seus próprios
e não se metam no que não lhes diz respeito 

EM QUALQUER LUGAR


Em qualquer lugar
(Carlos Pedala)

Escrevo sobre coisas simples
Tal qual ir ao supermercado
Ou do recado no Facebook
Nem uso neologismos, de fato
Nem sei se o que escrevo é poesia

Na verdade verdadeira nem sei escrever
O que faço é teimar em brincar com a palavra
E como brinco todos os dias
Acaba por ter certa persistência
Mesmo sem rimas, sem figuras de linguagem

Leio outros poetas e procuro roubar-lhes algo
Se consigo, fica melhor o que digo
Não, não é falsa modéstia
É a simples constatação que a poesia pode estar
Em qualquer lugar...

CONFORTO


Conforto
(Carlos Pedala)

Cedo, vejo o recado no celular
O advogado ligou
Precisa falar comigo urgente
Obviamente, não é para saber como estou
Tomo ciência do problema

Saio para ver a nova moradia
Não consigo entrar no apartamento
Nem o parteiro sabe informar nada
Nem consigo falar com quem saberia me dizer
O que não consigo saber

São as incertezas do mundo
Analiso os riscos, as variáveis, o além de mim
Lembro-me da imensidão do Universo
E da dimensão dos meus atos
Isso de certa forma me conforta

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

CRÉDITO


Crédito
(Carlos Pedala)

No sinal de trânsito
Espero abrir e atravesso a rua
Mas só após os carros pararem
Não olho ninguém nos olhos
Tenho medo do que possa ver

Nem digo nada profundo sobre ser
Sobre a beleza das flores
Desejo de amores
Simplesmente porque não sei dizer
Mas reparo nas nuvens

No supermercado me perco
Admirado dos produtos industrializados
Da capitalização da água pura engarrafada
Dos belos livros de capa dura
Da produção pornografia em remédio

E das eternas juras do cartão de crédito 

SE NÃO FOSSE


Se não fosse
(Carlos Pedala)

Faço o sinal para o ônibus errado
Aonde chegarei dessa forma?
As pessoas ali são como se não estivessem
E as ruas são as por que passei outras vezes
No Centro, a multidão é se não existisse

No cartório, espero o amigo
Ele terá que provar que é ele mesmo
E registrar seu nome
No almoço, a comida fria e outros que não importam
Bebo Coca-Cola ou mate, com o mesmo gosto

A livraria Travessa está cheia de livros
São os iguais aos que vi em Santiago do Chile
Está certo, lá era outra língua
Encontro a companheira
Ela não quer que eu a acompanhe

O poema é sem rima, sem festa
Às vezes, a vida é como se não fosse...  

PREÇO


Preço
(Carlos Pedala)

Rio de Janeiro água do mar
Encoberta
Metáfora, movimento
Azul comprido, misturado, lento

Chuva fina embaçado horizonte
Neblina
Verde floresta
Nuvem e pedra dura

Vento de fresta
Naufrágio
Céu e urubu leve
Preço de mercado
Mais barato do que caro

FOLIA


Folia
(Carlos Pedala)

Rio de Janeiro mês de fevereiro
Nas ondas do mar ouço teu canto
Quiçá o teu pranto, o teu lamento
Da plenitude ao verdadeiro

Rio de Janeiro do céu rosa e vermelho
Nas ondas do mar a medir o tempo
Quem sabe por a crase no seu lugar
Do universo inteiro aqui é que me encontro

Rio de Janeiro meu destino
Nas ondas do mar o teu cheiro
De beber água doce de coqueiro
A Cidade toda a se preparar
Pra sediar a folia em fevereiro 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

KISS


Kiss
(Carlos Pedala)

O que poderia ser dito?
Por que foi todo mundo junto?
Ficar calado em frente ao túmulo
Também é uma forma de ser eloquente
Mesmo que para isso precise-se mudo

É a vida cheia de enigmas
Veja os prismas a dividir a luz
Veja a escuridão que cega a voz
Por vezes, atropelando tudo o que há de melhor
E esse nó ilógico e atroz

Ouça os passos do silêncio
O cortejo lento a se dispersar em paz
Após o enterro, o enterro coletivo
Agora é cada um com seu mistério
E esse beijo a ecoar em nós 

TRAGÉDIA


Tragédia
(Carlos Pedala)

A fumaça negra acabou com o sonho
Duzentos e trinta e um jovens na flor da idade
Universitários, saudáveis, lindos
Dá certa revolta
Os seguranças fechando a porta

Lembro-me, não sei o porquê
De andando no Aterro do Flamengo
Ver o Bope treinando:
O comandante diz: - Homens de preto qual é tua missão?
A tropa: - Entrar pelas favelas e deixar corpos no chão!

São bandidos e traficantes
São jovens entre dezoito e vinte cinco anos
Não estudam, não tem dentes, são pardos e negros
Dá certo conforto
Sinto-me vingado com o destino

Os jovens do Sul deixam seus sorrisos no Facebook
Poderia ter sido evitada tal tragédia?
O governador do Rio, que fez cinquenta anos, disse que não há conversa, com esses bandidos é bala mesmo
De certa forma, a tragédia me deixa confuso

domingo, 27 de janeiro de 2013

DE BICICLETA


De bicicleta
(Carlos Pedala) Para o Carnaval 2013

Alo! Mamãe!
Alo! Mamãe!
Cê tá boa?
Cê tá boa?

Eu tô na seca!
Eu tô na seca!
Meteram a lambreta
Eta! Eta! Eta!

Agora é meter o pé
De bi!
De bi!
De bicicleta!

Eu vou de boa
Eu vou de bi
De bi
De bicicleta

Eta! Eta! Eta!
Meteram a lambreta
Agora é meter o pé
De bi!
De bi!
De bicicleta! 

A POESIA E O SOL


A poesia e o sol
(Carlos Pedala)

Suponha de fato que poesia não sirve pra nada
É simplesmente e completamente inútil
Que não haja nenhum resquício de dúvida

Vejamos em perspectiva
Sendo por si só palavra complicada
Perscrutemos as ações humanas mais significativas

Tais quais as que repercutem sobre os homens,
Ou seja, na história da humanidade
Como algo que todos dão valor

Exemplo, a construção das pirâmides do Egito
E a Queda da Bastilha, para citar apenas dois
Que seja válido pra o antes e o depois

Agora, sinto certo cansaço
De explicar o valor de insignificante ato
Desligo o ventilado, vou curtir o calor, o mormaço enquanto o sol não se apaga


sábado, 26 de janeiro de 2013

ANDORINHAS E PARDAIS


Andorinhas e pardais
(Carlos Pedala)

Escrevo frases de estrelas
Para que cresçam gente
E falem coisas aos surdos
Tal qual sobre andorinhas
Que habitavam o antigamente
Sempre usando fraque e cartola
Até que certo dia, um mal olhado
Derrubou todas, só se salvando
As assistidas por criança
Depois do susto, foram embora
Nunca mais foram vistas na infância
Talvez, tenham perdido o cargo
foram rebaixadas a pardais
Porém, eles também estão sumindo
E proximamente não voarão mais 

IMEMORIAIS


Imemoriais
(Carlos Pedala)

Há monumentos erguidos por toda a parte
Em todos os lugares existem homenagens
Aos homens de feitos imortais

Algumas ruas estão esburacadas
Os prédios precisam de uns retoques
E as estátuas são pichadas

De certa forma, são os sinais do tempo
Que devagar, de modo silencioso
Vai equacionando tudo

Assim, o feito mais importante
Ou o deveras insignificante
Aos poucos, vão ficando iguais a nada 

VISITAS


Visitas
(Carlos Pedala)  Para Pedro Sena

A chuva intensa da madruga
Me fez acordar em Santiago
Sonhei sobrevoando neve

Neve nas Cordilheiras dos Andes
É nuvem congelada no sonho
É pouso forçado em devaneio
Feito o Cristo concreto que vejo
Sim, vejo-o da janela do meio
Iluminado e de braços abertos

E o medo do filho no Rio de Janeiro
Dos espíritos que vieram visitá-lo
Enquanto estávamos ausentes
Conta-nos da presença de entes
No quarto, batucando na mesa

E dos amigos que ficaram na varanda
Esperando a manhã de indescritível beleza 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

EU VOU COM QUEM?


Eu vou com quem?
(Carlos Pedala) Samba pra Noel Rosa

O Eber Freitas me convidou
Pra sambar lá na Tiradentes
Mas se você não for
Eu vou com quem, amor?
Eu vou com quem?
Com quem eu vou?

Eu sei, eu sei, você já cansou
Mas se você não for
Eu vou com quem, amor?
Eu vou com quem?
Com quem eu vou?


O Eber Freitas me convidou
Pra sambar lá na Tiradentes
Mas se você não for, amor
Será àquela que o Noel cantou
Eu vou com quem, amor?
Eu vou com quem?
Com quem eu vou?

Eu sei, eu sei, meu bem
A juventude já passou
Mas a vida não terminou
E se você não for
Eu vou com quem, amor?
Eu vou com quem?
Com quem eu vou?


O Eber Freitas me convidou
Pra sambar lá na Tiradentes
Tudo bem, amor!
Mas se você não for
Eu vou com quem, amor?
Eu vou com quem?
Com quem eu vou?






PERDIDOS


Perdidos
(Carlos Pedala)

Num certo domingo
De atmosfera plena
Em ruas serenas
Ou valeria a pena falar em calles?
Por serem ruas de Santiago do Chile

Importante era que era manhã
Como todas as manhãs de domingo
Onde a vida vale a pena
Pois não há alma pequena
Em uma manhã de domingo

Num certo domingo
Nos perdemos por entre as ruas
Ou melhor seria dizer em calles?
Por nos perdermos em Santiago do Chile
Numa certa manhã ou seria num domingo?

Num certo domingo havíamos nos perdidos
Entre as Cordilheiras da Costa e as Cordilheiras dos Andes
Entre as ruas e as calles, entre as plazas e as praças
De Santiago do Chile, em certo sentido
Andávamos de bicicletas inteiramente perdidos

Num certo domingo, em Santiago do Chile
Era manhã serena, onde a vida vale a pena
Ao passarmos por aquela menina e ouvir as palavras
Dela no seu idioma, tudo fez sentido
Até o fato de estarmos perdidos

Numa manhã de domingo em Santiago do Chile

AMÉRICA


América
(Carlos Pedala)

América, América, América
Tão grande é esse momento
Teus deuses de todos os tempos
Há escutar o lamento em ser ruim
E o canto de não chegar ao fim

América, América, América
Por quantos dias andaremos juntos?
Ah, esse céu sem acabamentos
O em ser sem cor de teus monumentos
E tudo agora, aqui, tão perto

América, América, América
Pelas mais longínquas praias do planeta
De tantas palavras a existir em tuas letras
E mesmo assim faltar complemento
Para que sejas síntese em verso sem retoques 



NEBULOSO


Nebuloso
(Carlos Pedala) Para Violeta Parra

Eu não entendo nada, nada, nada
Desse grande mundo
E suas indefectíveis nuvens
Bem como daquele que se regozija com o pranto
Nem de qual matéria se faz o canto

Eu não entendo nada, nada, nada
Do segundo que morre e nasce a todo instante
Da dor que brota da necessidade
Do passar do tempo
Do avançar da idade

Eu não entendo nada, nada, nada
Da morte presente na vida
Da chegada, da partida
Das estrelas que já não existem mais
Brilhando no firmamento

Eu não entendo nada, nada, nada
Mas isso não é um lamento
É, na verdade, afirmação do espanto
Ilusão em que me encontro
Buscar ponto de partida, sem nunca chegar a tanto

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

NOS ANDES


Nos Andes
(Carlos Pedala)

Chegou a hora da partida
Santiago com suas ruas limpas
Seus cafés e casas de permissões
Suas manhãs e seus amanhãs
Seu povo correto e trabalhador
De dias tão lindos, dos barulhos,
Dos parques urbanos
Em instantes será memória
Em pouco tempo, será sueño
Ficará por acá a olhar o oceano
A contemplar o mar
Esperando o terremoto
Que virá
Como o deserto do Atacama
Tão certo como a chuva, os vinhedos, as uvas
Os metais nobres
Sob a terra, o cobre
A neve do cume das tuas montanhas
Sendo a riqueza mais grande
A leveza das nuvens sobre as Cordilheiras dos Andes

PERIGO


Perigo
(Carlos Pedala)

Visitamos o Cerro Santa Lucía
Onde o disparo de canhão avisa do meio dia
Bombeiros em exercícios de resgate
E dois cães vira-latas a nos acompanhar por toda parte
Lá era a cidade
Seus palácios, prédios e modernidade
Momentos em vertigem
Monumentos e feitos dos homens
Embaraçam-se os sentidos
Dentro dos caminhos de pedra percorridos
Deus parecia estar ali por perto
Talvez mesmo em toda parte
Bebemos tradicional suco de pêssego e trigo
Depois, nos dirigimos ao Mercado Central
Na ida, alguém mostrou porções mágicas de amor
Havia certo perigo
Imagináramos o que haveriam de querer comigo

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

LINHA DO HORIZONTE


Linha do horizonte
(Carlos Pedala)

Em Viña del Mar o tempo é flores
O Oceano Pacífico guarda seus mistérios
Revelando discos voadores
Mostrando-se em tudo, mar inteiramente
O solitário Moai diz-nos para apreciá-lo
É o recado dos Rapanuis
Vendo-o é fácil acreditar em outros seres
Em peculiares existires
Por séculos a olhar os mares
No transcorrer dos dias
A velar escuridão da noite
Guardião da gávea  
Profundo vigilante
De olhar compenetrado
Além da linha do horizonte

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

VIAGEM AO PACÍFICO


Viagem ao Pacífico
(Carlos Pedala)

Buenos dias Santiago
Hoy, logo cedo, mí corazon
Rumou à Viña del Mar e Valparaíso
Havia, no caminho, amigos
Pessoas mui distintas e bonitas
havia rosas, havia uvas, havia vinho

Havia histórias
De como as coisas eram
E da imensidão del Chile
Das cordilheiras, dos vulcões
De temor e tremores sísmicos
À beira do mar, descansando
Encontramos leões marinhos

Estoy aquí Latina América
A avistar o Pacífico
Entre poetas e cantantes
Estivemos na casa de Pablo Neruda
Onde um gato caminhava sobre o muro
E voavam passarinhos

Havia também grande comércio
Pero, ninguém me ofereceu
Algo de fato novo, ou inédito verso

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

FORO POR LA IGUALDAD


Foro por la igualdad
(Carlos Pedala)

Na TV Senado de Santiago
Vemos foro por la igualdad
Discuti-se os avanços sociais
Em vinte anos conseguiram progredir
Mas questionam os modelos
Veem perigo em buscar serem iguais à Suécia ou à Noruega
As causas e efeitos estão em outro contexto
Mas não podem ver somente os aspectos econômicos
A cultura é fundamental
E a dignidade humana jamais deve ser esquecida
Separar o público e o privado é fundamental
A educação é o bem público maior
Estamos falando do Chile
Sob o céu
Sob as estrelas da América Latina

NAS ESQUINAS


Nas esquinas
(Carlos Pedala)

As cordilheiras em nós todas as horas
Observando-nos, velha senhora
Ventos vindos do Pacífico
A correr em seus ouvidos
Contraponto à música de ritmo caliente
Santiago do Chile, a cidade mais limpa do hemisfério
Tendo o Mapocho margens de concreto
Imensurável deserto
E o imensurável deserto do Atacama
A insinuar-se como um destino
Y mi corazón cubierto
A gozar de beijos em tua cama

Meu coração latino
Por ruas iluminadas
Nas esquinas
Da tua porção América Latina

domingo, 20 de janeiro de 2013

NA VERTIGEM DO CINEMA


Na vertigem do cinema
(Carlos Pedala)

Domingo, à tarde
Fomos ao cinema em Santiago do Chile
Descemos La Calle Huerfanos
Atravessamos três quadras
Dobramos à esquerda na San Antonio
Assistimos ao filme Pi e o Tigre
Com legendas em castelhano
Sim, é o cinema americano
Comemos pipoca e bebemos Pepsi-Cola
Mas descobrimos que Dios existe em várias línguas
Cedo, no mercado, ouvíramos um clássico do rock
Canção que já conhecíamos há anos
Lembramo-nos de tê-la escutado certa vez em Manaus 
Dentro de um mesmo mercado
A letra diz de coisas tolas
Tais quais sobre o nada do que somos...