Linguagem e bicicletas
(Carlos Pedala)
Há certo desprezo pelas
bicicletas.
Procura-se a realidade por
trás do ser das mesmas.
Tal qual nas palavras.
Como se elas não fossem a
própria realidade em si.
Não há um mundo além das
bicicletas ou da linguagem.
Não estamos cercados, estamos
nelas, somos a linguagem como o ciclista é seu veículo. A ciência objetifica o
ser das coisas. Mas a verdade é apenas aquilo que se revela, havendo sempre
outras possibilidades.
Ao infinito, e um pouco mais
além.
E se há metáfora nas bicicletas.
A palavra trai ao traduzir o real. Assim, todo poema é metalinguagem.
O ser do homem navega na
superfície das línguas.
O poeta submerge, afogando-se;
vivendo e morrendo seu feliz tormento, dentro delas.
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