Antigas bicicletas
(Carlos Pedala)
Abro o livro esquecido dentro
do sebo.
O gato se aproxima e se
espreme em
mim. Finjo não vê-lo.
Primeiro saltam as letras,
logo, as palavras
e o poema se projeta, respira
livre.
Sobre ele pesam os anos, a
sintaxe
é antiga, talvez, morta. A formação
dos
fonemas e a forma como foi
escrito
dizem mais do que é dito. Procuro
ler
nas entrelinhas. Lá alguém conta sobre
andar de bicicletas em horas findas.
É assim, desde a invenção da
escrita.
O poeta se debruça sobre a
folha branca,
feito amantes estreitando os
corpos.
Para gozo e deleite próprio.
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