quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ANTIGAS BICICLETAS




Antigas bicicletas
(Carlos Pedala)

Abro o livro esquecido dentro do sebo.
O gato se aproxima e se espreme em
mim. Finjo não vê-lo.
Primeiro saltam as letras, logo, as palavras
e o poema se projeta, respira livre.

Sobre ele pesam os anos, a sintaxe
é antiga, talvez, morta. A formação dos
fonemas e a forma como foi escrito
dizem mais do que é dito. Procuro ler
nas entrelinhas. Lá alguém conta sobre
andar de bicicletas em horas findas.

É assim, desde a invenção da escrita.
O poeta se debruça sobre a folha branca,
feito amantes estreitando os corpos.
Para gozo e deleite próprio.

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