segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

ASSAZ


Assaz
(Carlos Pedala)

Havia pouquíssimos recursos,
Sem comida, sem esperanças, sem nada
A fome quando nos alcança
Deixa–nos de mãos atadas
Ainda mais se quando criança

É isso que ela me conta
Sem lamento, sem pressa
Sem mágoas. Com alguma ponta
De receio de ter que passar
Por essa experiência outra vez

E um medo que nunca a deixa
É uma dor, é uma lembrança
Que entende terá que conviver
É de fato sofrimento muito forte
Só quem viveu sabe dessa marca

Fala das pessoas olhando no mercado
Seu carinho cheio, admiradas pela
Bonança. Ela conhece bem aquele olhar
Pois já olhara assim também
E diz ter compaixão

Acha o mundo muitíssimo injusto
Mas não tolera ver rapazes
No vigor da idade pedindo
E que pagou alguns Reais
Ao moço do carrinho, moço assaz

Nenhum comentário:

Postar um comentário