Assaz
(Carlos Pedala)
Havia pouquíssimos recursos,
Sem comida, sem esperanças,
sem nada
A fome quando nos alcança
Deixa–nos de mãos atadas
Ainda mais se quando criança
É isso que ela me conta
Sem lamento, sem pressa
Sem mágoas. Com alguma ponta
De receio de ter que passar
Por essa experiência outra
vez
E um medo que nunca a deixa
É uma dor, é uma lembrança
Que entende terá que conviver
É de fato sofrimento muito
forte
Só quem viveu sabe dessa
marca
Fala das pessoas olhando no
mercado
Seu carinho cheio, admiradas
pela
Bonança. Ela conhece bem aquele
olhar
Pois já olhara assim também
E diz ter compaixão
Acha o mundo muitíssimo
injusto
Mas não tolera ver rapazes
No vigor da idade pedindo
E que pagou alguns Reais
Ao moço do carrinho, moço
assaz
Nenhum comentário:
Postar um comentário