sábado, 23 de março de 2013

MAÇÃ


Maçã
(Carlos Pedala)

É claro que a forma do poema
Subverte a forma ajustada
A justa medida do esquema

É evidente que o poema
Por ser justo e verdadeiro
Ameaça o que veio primeiro

Ora, é  lógico que o poeta
Incomode muita gente
Só por estar metido em seu fazer

Vivemos num mundo moldado
Na linguagem, a realidade é dada
Ou melhor, reside na língua

Abrir as janelas dessa casa
E deixar o vento adentra seus quartos
Fugir por aquela fresta do telhado

Voar no espaço em vão
Compreendendo a leveza
E sem pretensão de dizer

Do existir de qualquer manhã
Nada de mais verdadeiro
Gostar do gostinho da maçã 

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