Maçã
(Carlos Pedala)
É claro que a forma do poema
Subverte a forma ajustada
A justa medida do esquema
É evidente que o poema
Por ser justo e verdadeiro
Ameaça o que veio primeiro
Ora, é lógico que o poeta
Incomode muita gente
Só por estar metido em seu fazer
Vivemos num mundo moldado
Na linguagem, a realidade é dada
Ou melhor, reside na língua
Abrir as janelas dessa casa
E deixar o vento adentra seus quartos
Fugir por aquela fresta do telhado
Voar no espaço em vão
Compreendendo a leveza
E sem pretensão de dizer
Do existir de qualquer manhã
Nada de mais verdadeiro
Gostar do gostinho da maçã
Nenhum comentário:
Postar um comentário