O ENGENHEIRO Nº 2
(Marcus Vinícius Quiroga)
O engenheiro não sonha. Desenha
poemas à mesa do escritório.
As palavras têm as superfícies
evidentes. Quanto às profundezas
não são vistas por causa do pó.
Coisas simples ou como dizê-las,
isto diz respeito ao engenheiro:
pensa “jogo de tênis com rede”.
Metáforas como a feita acima
são um bom exemplo de didática.
Ele supõe ser Corbusier
e faz só palavras transparentes.
Sombra alguma se debruça sobre
o texto escorreito. Bem rente
à página, deita-se o sentido.
A leitura é de águas claras, rasas:
não há como se perder no fundo.
É bom que se faça uso de boia,
caso o texto esqueça a calmaria,
com a tempestade do simbólico.
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