terça-feira, 11 de novembro de 2014

inexorável em são joão de meriti
(Carlos Pedala)

agora vem de novo
esse mal estar em mim
como se estivesse indo
para são joão de meriti
no meio de tantos automóveis
de tantos automóveis paralisados
o que aconteceu ali na frente
só poderá ser um pouso ruim
desses que acontecem
nas margens da linha vermelha
e esse pouco de revolta
que ainda me resta
de dentro desses carros
e se abríssemos a porta e saíssemos correndo?
daríamos com a cara na porta?
e se não houver nenhuma resposta
pra tanto céu azul
se esse céu azul tanto faz
mas agora vem de novo o medo
de ficar preso no automóvel
que não anda
dentro desses carros...
mesmo porque ninguém se importa
são as tetas daquela cachorrinha morta
as margens da pista
como se nada pudesse ser feito
além de ficar aqui, preso
dentro dessas latas
dentro dessas portas
que não andam
na linha vermelha
como se estivéssemos indo
para são joão de meriti
e não houvesse nada que pudesse ser feito
mesmo porque ninguém se importa
feito as tetas daquela cachorrinha morta
as margens da linha vermelhar
e não houvesse nada que pudesse ser feito... 

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