Formiga
(Carlos Pedala)
O repetido piscar de olhos,
as luzes acesas.
É noite, as plantas dentro
dela em silêncio
esperam e a claridade me cega.
O silêncio empreguina-se nas
coisas, cobertor invisível,
cobertor denso.
Incomodado, esmago formiga no
canto da tela,
sem piedade, sem pensar em
nada,
apenas o remoço por ser tão
próximo dela.
E logo não é mais nada, além de
restos.
A força que existia ali vai
embora.
Agora, apenas mancha.
Agora, não mais esta.
Passarei um pano quando for
limpar a bicicleta,
passarei por ela quando em
outras ciclovias.
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